Honemagem à sertaneja Isabel Marques da Silva, mais conhecida como “Zabé da Loca”, tira da sua antiga flauta de pífano a música que embala a solidão sertaneja.

A MULHER SERTANEJA escreve uma bela página de trabalho, de luta e perseverança na história do sertão nordestino.
Em sua homenagem o poema que segue:

APOLOGIA À MULHER SERTANEJA.

Mulher, Maria, Mulher!
Toda mulher é Maria e

toda Maria é mulher.
Maria Mãe de Jesus,
Maria cheia de graças,
Maria que és Mulher.

Quando um filho chora a dor, a mãe logo aparece,
E quando a fome castiga, o bebê chora e padece,
Maria, cansada e fraca, seu peito murcho oferece.

O sol a pino lhe queima a pele já bronzeada,
Coloca o chapéu na cabeça e enrola a mão calejada,
Se orgulha de ser nordestina,
De ter a pureza menina,
E de nunca ter sido mimada.

Vemos seu corpo adiante,
Cansado, porém, vibrante.
Vemos seus pés latejantes,
Rachados, porém importantes,
Na luta que, todo o dia, faz o seu ser exultante.

Enquanto trabalha pesado,
Espantando as tristezas,
Sentindo do vento a leveza,
Ganha de Deus um legado: ser a mãe de Jesus Cristo.
E ao homem nordestino, na sua infinita pureza,
Deus o abençoou e disse: essa é a tua riqueza.

Vemos a lua e as estrelas,
E o sol no seu raiar,
E nas flores se abrindo,
Vemos Maria a cantar,
Vemos seu rosto sorrindo,
Vemos suas mãos afagar.

Mulher, Maria, Mulher,
És da alma a pureza,
És o nosso bem-me-quer.
És da vida a natureza,
És do nordeste a beleza,
É assim que Deus te quer.

João Coutinho de Amorim.

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Música: Sertaneja de Renné Bittencourt.