O retirante


O retirante- Arte da familia Vitalino

 

O RETIRANTE, retratado no filme Central do Brasil.

O cinema foi ousado, lá fora no estrangeiro,
Mostrando pra todo o mundo o nordeste brasileiro,
Como vive o nordestino que foge de sua terra,
Que chega à cidade grande e ali ele se encerra.

Esse Central do Brasil mostrou com muita coragem,
A fuga do Nordestino quando empreende viagem,
Pra outras terras tentar, sem saber ler e escrever,
E lá chegando, até conversa, mas não consegue entender.

Não entende o linguajar do povo lá da cidade,
Que é diferente da fala lá do rincão da saudade.
Agora ali, sozinho, encontra mais um nordestino,
Que também foi pra São Paulo melhorar o seu destino.

É o José e o João, a Josefa e a Maria,
É gente lá do Sertão que há muitos anos sofria,
E agora na metrópole, sem nunca perder a calma,
Perambula pelas ruas como pessoa sem alma.

Em São Paulo ele procura um empreguinho decente,
Faz o pedido e aguarda com Jesus na sua mente,
E ansioso da resposta com sua boca já amarga,
Vem o guarda e lhe diz: meu senhor, não há vaga.

Por não conseguir trabalho pode até ficar hostil,
E mesmo na ignorância ainda constrói o Brasil.
Homem bravo! Nordestino! que também é brasileiro,
E que somente é lembrado para o fim eleitoreiro.

Sem ter muito o que fazer vai pra central do brasil,
O lugar mais freqüentado pelo povo varonil,
Fica sentado esperando encontrar um rosto amigo,
Alguém com quem conversar sobre seu lugar antigo.

Pede a alguém que lhe escreva uma carta de amor,
Para a mulher e seus filhos que lá rezam com fervor,
E diz: tá tudo bem, vou mandar um dinheirinho,
E lá pro final do ano eu vou ver o meu netinho.

O tempo passa e a espera é bastante prolongada,
Os filhos já nem se lembram do pai a cara amarrada,
Sentem saudade e pedem a Deus compaixão,
Pedem para os políticos se lembrarem do sertão.

E a história se repete, todo dia e todo ano,
Ninguém traz a solução e ainda cobrem com o pano:
Pano que abre o palco da política nordestina,
Fazendo até parecer teatrinho de esquina.

Enquanto isso, o país dispara muito foguete,
Tira dos Bancos o sinal vermelho do balancete,
Só não consegue tirar a miséria do Nordeste,
Pois lá o governo garante a votação inconteste.

Como diz o repentista: “o mar vai virar sertão e o sertão vai virar mar”.
Não vai isto acontecer, pois não saem do lugar.
Mas já existe de Deus um sinal claro e concreto:
É a seca que vivemos que do mar chega bem perto.

Que aquele menino triste do filme tão premiado,
Faça o irmão brasileiro ver o nordeste desgastado,
E lute pra que este povo tenha um saldo positivo:
Saúde, comida e educação, ser um cidadão altivo.

João Coutinho de Amorim

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